quinta-feira, 4 de novembro de 2010

...Não, não é amor!

Apesar da gente nunca ter namorado, casado ou feito outros tipos de planos nesse sentido, hoje completamos quase 11 anos juntos. É claro que nunca contamos o tempo e muito menos demos nomes aos sentimentos de compromisso, mesmo porque, nós não temos. Simplesmente tudo se desenrolou assim.... As vezes juntos, as vezes com outros e então foi e foi e foi... sabe...aquilo sobre o que é pra ser? Simplesmente fomos e continuamos sendo.

Entrando no quarto, vejo ele - mega safado, espalhado na cama e me olhando sabendo que, inexplicavelmente, aceito ele seja lá como for. Ele, idem. Não fomos fáceis a nada e nem a ninguém, mas cá estamos. E por isso mesmo, vai ver, amando.

Amor? Ah, deve ser. Mas não aquele que um dia quisemos tanto e por isso mesmo afastamos, mas aquele que podemos e por isso mesmo soa tão possível.

Hoje completamos quase 11 anos juntos e eu só queria um presente: voltar no tempo, me encontrar e sacudir meu corpo. Voltar naquela época que eu ainda acreditava em um relacionamento com todas as forças do mundo. Preciso me sacudir e dizer que ele existe, sim, o tal do amor, mas pra ser sincera, tanto ele quanto eu, não sabemos ainda nada disso. Isso que achamos que é amor, não passa nem perto.

E lá está ele. Eu olho e penso: provavelmente voltarei nesse apartamentinho pequeno outra vez. Mas na próxima vez vou lembrar que eu amo a dúvida, o silêncio, a ingratidão, o fim, o atraso, a invenção, o pode ser, as hipóteses, a não resposta, a raiva, o absurdo, o não, a impossibilidade, o depois que foi, o antes de chegar, o difícil, o pode não. Porque é isso! Eu amo o mistério e não o homem em questão.

E assim vai dando certo. Vai e vai e vai e cá estamos. Ele apaga a luz e some. Eu escrevo esse texto na mente. E, em um outro dia qualquer, sem se dar conta, nos encontramos e decidimos o que fazer o resto da noite.